sábado, 17 de novembro de 2012

FIQUE SABENDO - Síndrome da morte súbita infantil


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Drauzio Varella
Poucas causas de morte são tão misteriosas e traumáticas para as famílias, quanto as que acontecem durante o sono de bebês aparentemente saudáveis.
Também chamada de síndrome da morte súbita do lactente, ela é definida como o óbito inesperado de um bebê no qual a autópsia não consegue apontar a causa.
Não está claro se a morte ocorre durante o sono ou nos períodos de transição entre sono e vigília, que se sucedem durante a noite. O que se sabe é que o pico de incidência está entre dois e quatro meses de idade, que é mais comum em meninos, que colocar a criança para dormir de barriga para baixo (em pronação) aumenta sobremaneira o risco e que a ocorrência depois dos 6 meses de idade é rara.
Nos países industrializados, o reconhecimento de que deitar de bruços mais do que triplica o risco, deu origem a campanhas para que os pais colocassem os bebês para dormir de barriga para cima (posição supina). Esse cuidado simples diminuiu o número de óbitos em mais de 50%.
No Brasil, o costume de deitar os bebês de lado, posição que protege mais do que deixá-los de bruços, mas menos do que se estivessem de barriga para cima, explica por que a incidência é mais baixa: 5 a 10 em cada 10 mil crianças nascidas.
Além da posição ao dormir, podem servir de gatilho para disparar a síndrome: 1) a asfixia por compressão das vias aéreas ou inalação excessiva do gás carbônico exalado na posição com o rosto para baixo; 2) a hipertermia causada pela compressão da face contra o travesseiro ou o colchão; 3) o nascimento prematuro e a imaturidade dos mecanismos cardiorrespiratórios e de controle térmico.
Essas condições tornariam o recém-nascido mais vulnerável ao estresse provocado pela falta de oxigênio. No entanto, a síndrome pode surgir mesmo em bebês que não apresentam essas características.
Estudo recente mostrou que 85% dos casos acontecem com crianças que dormem de barriga para baixo ou compartilham o leito com outras pessoas. Deitar em pronação em colchões e travesseiros macios aumenta 20 vezes o risco. Os processos infecciosos característicos dos primeiros meses de vida também parecem aumentar a probabilidade.
Bebês excessivamente agasalhados, que dormem em quartos muito aquecidos, correm perigo maior quando colocados com a face para baixo, porque a face é uma fonte importante de eliminação do calor nas crianças. Nesses casos, supõe-se que o estresse causado pelo aumento de temperatura leva à diminuição da frequência cardíaca e à inibição letal do centro respiratório.
Estão associadas com a síndrome algumas características genéticas envolvidas no controle involuntário (autonômico) das funções cardíacas e respiratórias, no equilíbrio energético e na resposta às infecções.
Bebês submetidos a condições como pobreza, exposição ao fumo, álcool e drogas ilícitas na vida intrauterina, ou à fumaça do cigarro depois do nascimento, são especialmente propensos.
A síndrome envolve uma convergência de fatores que resultam em asfixia dos bebês vulneráveis, portadores de sistemas cardiorrespiratórios e mecanismos de despertar imaturos e ainda mal integrados.
Uma preocupação dos pais que tiveram a infelicidade de perder um filho nessas condições, é com a probabilidade da síndrome se repetir num nascimento futuro. Embora nesses casos o risco seja mais alto, ele é mínimo: a estimativa é que a chance do irmão sobreviver seja da ordem de 99,6%.
Para a prevenção devem ser adotadas as seguintes medidas:
1) Evitar que o bebê durma de barriga para baixo ou de lado, dar preferência à posição supina;
2) Não agasalhar excessivamente e manter o quarto ao redor de 22º C;
3) Não usar colchões e travesseiros muito macios;
4) Dormir no mesmo quarto, mas sem compartilhar o leito com a criança;
5) Não tomar bebidas alcoólicas nem fumar durante a gravidez;
6) Jamais expor o bebê à fumaça de cigarro.

FIQUE SABENDO - Epilepsia

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Muito boa entrevista!!
Epilepsia:
Ataques epiléticos assustam quem está por perto e deixam a pessoa que sofreu a crise insegura e receosa. Sem consciência do que está acontecendo, ela cai e seus membros ficam rígidos. Em seguida, começa a debater-se com movimentos rítmicos, já que os músculos se contraem e relaxam repetidas vezes, pois o comando central no cérebro está desorganizado. Na grande maioria dos casos, a crise desaparece espontaneamente, a pessoa fica atordoada, mas vai voltando aos poucos ao normal.
No entanto, durante a crise, é comum a confusão instalar-se ao redor e são muitos os palpites sobre como agir com o paciente naquela situação. A maioria das sugestões baseia-se no temor do contágio ou na crença de que espíritos diabólicos se incorporaram naquela pessoa. Poucas levam em conta o real conhecimento dos fatores orgânicos que podem ter causado o episódio.
Provavelmente, a epilepsia seja tão velha quanto a espécie humana. De origem grega, a palavra quer dizer “surpresa”, “evento inesperado”. Muitas personalidades que se destacaram na história da humanidade foram portadoras dessa síndrome, tão cercada de preconceitos. Foi só em 1873 que um neurologista inglês chamado Jackson conseguiu definir o que acontecia durante as crises que podem ser de diversos tipos e não apenas marcadas por quedas e contrações musculares.
SÍNDROME EPILÉTICA
Drauzio – Como se pode definir a epilepsia?
Li Li Min – Epilepsia é um sintoma que ocorre quando, por algum motivo, o cérebro não está bem e um grupamento de células cerebrais se comporta de maneira hiperexcitável, o que pode gerar manifestações clínicas, ou seja, as crises epiléticas.
Drauzio – Como se faz o diagnóstico de epilepsia?
Li Li Min – Para fazer o diagnóstico, é preciso que haja recorrência espontânea das crises. Uma crise única não é indicativa da síndrome. Tem de ocorrer mais de um episódio com intervalo entre eles de no mínimo 24 horas para caracterizar a epilepsia.
Além disso, é preciso que não exista nenhum fator precipitante, seja tóxico, porque a pessoa usa drogas, seja recreativo, como muitas vezes acontece com as bebidas alcoólicas.
Drauzio – Qual a droga que provoca mais convulsões?
Li Li Min – São várias as drogas que podem causar crises epiléticas, que não configuram a epilepsia, porém. Cocaína e ecstasy estão entre elas.
Drauzio Você disse que a epilepsia é um sintoma. Você poderia explicar por quê?
Li Li Min – A epilepsia é um sintoma comum a várias doenças. Na verdade, é uma síndrome, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas que caracterizam certa condição.
Epilepsia não tem causa específica. São várias as causas que podem levar à recorrência das crises. Na população infantil, a febre é uma delas. Crianças com febre podem ter convulsão, fenômeno conhecido como convulsão febril que não é característico da epilepsia. Por isso, a medicação é indicada para controlar a temperatura e não as crises convulsivas. 
TIPOS DE CRISE
Drauzio – Você disse que as crises de epilepsia surgem por mau funcionamento de certas áreas do cérebro. Como cada área está relacionada com determinada função, uma manifestação epilética pode ser diferente da outra. Qual o tipo mais frequente de crise epilética?
Li Li Min - A manifestação clínica depende da região cerebral acometida. A mais comum é a crise tônico-clônica ou convulsão, que envolve o cérebro como um todo. Nesse caso, a pessoa fica rígida, cai no chão e começa a debater-se.
Pode-se dizer que 50% das crises epiléticas são do tipo tônico-clônicas. Os outros 50% são bastante variáveis. Algumas pessoas sentem um formigamento no braço seguido por pequenos abalos, porque a região do cérebro afetada comanda as sensações e o movimento desse braço. Outras sentem cheiros estranhos por poucos segundos e saem do ar, isto é, deixam de interagir com o meio. Esse tipo é conhecido como crise parcial complexa e implica turvação da consciência.
Aos olhos dos leigos e das pessoas menos avisadas, tais sintomas acabam se confundindo com problemas psiquiátricos, de loucura. Imagine uma pessoa que tem uma crise dessas, sai do ar, fica inconsciente, mas continua em pé, mexendo nas coisas como se fosse um robô. Por causa disso, muitos pacientes são encaminhados indevidamente para institutos psiquiátricos como se fossem loucos.
Drauzio – Que outros tipos de epilepsia vale a pena citar?
Li Li Min – Outra forma de epilepsia ocorre principalmente na população infantil que apresenta crises de ausência, episódios de liga-desliga. A queixa mais frequente é o mau aproveitamento escolar e os professores menos avisados acham que a criança tem um déficit cognitivo, no que estão absolutamente enganados. Na verdade, ela está tendo várias crises de ausência por dia, às vezes mais de cem, com poucos minutos de duração e sem a menor consciência do que se passa com ela.
Drauzio – Essas crises de ausência podem aparecer também na vida adulta?
Li Li Min – São menos frequentes. Em geral, esse tipo de crise acomete mais a população pediátrica.
Drauzio – Os abalos musculares que as pessoas sentem de vez em quando, sem nenhuma explicação aparente, podem ter relação com a epilepsia? 
Li Li Min – Outro sintoma das crises epiléticas é a mioclonia, que se caracteriza por abalos musculares. Quando a pessoa faz exercícios físicos extenuantes, antes de dormir, pode ter a sensação de que está caindo no vazio e um estremecimento motor. Trata-se de reação fisiológica normal provocada pela exaustão. Porém, ela passa a ser anormal quando as crises mioclônicas acontecem com certa frequência, mais no período da manhã A pessoa acorda, vai tomar café e derruba a xícara ou deixa cair a escova de dente, e tudo fica por conta de seu desajeitamento ou desatenção. Crises de ausência como essas podem ocorrer isoladas ou associadas a crises tônico-clônicas, isto é, à convulsão clássica.
Drauzio – Nos adolescentes, muitas vezes isso é confundido com estabanamento próprio da idade…
Li Li Min - A epilepsia mioclônica juvenil é uma síndrome muito comum na adolescência. Em mais ou menos 10% das epilepsias em geral, podemos constatar a seguinte tríade: são crises convulsivas clônicas, associadas à mioclonia, que aparecem na adolescência. Muitas vezes, o médico só é procurado quando a pessoa tem convulsão. Os outros sintomas são negligenciados. No entanto, fazer o diagnóstico da mioclonia juvenil é muito importante, porque existe medicação especifica para controlar esse distúrbio.
CARACTERÍSTICAS DAS CRISES
Drauzio – Como você colocou bem, os quadros de epilepsia têm apresentação clínica muito variada. No entanto, haveria alguma forma de caracterizar o comportamento médio das crises epiléticas, quanto tempo duram e o que acontece antes e depois delas com o paciente?
Li Li Min – As crises epiléticas são de curta duração. Duram segundos ou alguns minutos no máximo. Vamos tentar dividi-las em dois grandes grupos: as que afetam apenas parte das estruturas cerebrais e as que afetam o cérebro como um todo. Dependendo de sua localização, os sintomas variam bastante.
Uma crise comum é provocada pela epilepsia que se manifesta na região lobo-temporal do cérebro. A pessoa sente mal-estar, desconforto na barriga que sobe até a garganta, medo ou sensação de déjà vu, ou seja, tem a nítida sensação de conhecer um lugar em que nunca esteve ou de já ter vivido aquela situação do momento. Ou ao contrário: entra em casa e parece não reconhecer o ambiente. Conforme a crise evolui, pode haver alteração da consciência. O paciente fica parado por alguns segundos, com os olhos vidrados, ou faz alguns gestos, mexe com a mão, com a boca, começa a mastigar ou a tirar a roupa. São movimentos automáticos – por isso o fenômeno se chama automatismo – que podem evoluir para a convulsão propriamente dita, a pessoa cai no chão e se debate.
Drauzio Nesses casos de epilepsia, nem sempre a pessoa evolui para a convulsão?
Li Li Min – A pessoa pode apresentar somente uma dessas fases e ter uma crise parcial simples. Não perde a consciência, mas tem o mal-estar epigástrico, a sensação de déjà vu e de medo sem razão aparente.
Drauzio  Imagino como deve ser a vida dessas pessoas. Sentem uma coisa estranha no abdômen que sobe para a garganta; acham que conhecem um lugar no qual nunca estiveram; mexem as mãos ou tiram a roupa sem ter consciência do que estão fazendo. Daí, a serem encaminhadas para um psiquiatra é um passo muito curto. 
Li Li Min – A associação entre problemas psiquiátricos e psicológicos e esse tipo de crise é muito frequente. Nos casos mais severos, é muito comum o paciente necessitar de acompanhamento psiquiátrico além dos cuidados médicos e clínicos, o que ajuda a cercar de preconceitos a epilepsia.
De qualquer modo, dá para imaginar a situação constrangedora por que passa a pessoa que tem uma crise num shopping center (as crises são totalmente imprevisíveis), desperta sem ter consciência do que realmente aconteceu e se vê rodeada por gente estranha. Embora seja um problema físico, por incompreensão da sociedade ou por falsas crenças que se perpetuam, essas pessoas acabam marginalizadas, excluídas do convívio social.
ATENDIMENTO DURANTE A CRISE
Drauzio – Todos nós já vimos, pelo menos uma vez, uma pessoa com crise epilética clássica, dessas que provocam contrações musculares, e é inacreditável o número de palpites que se ouvem nessa hora: “Põe uma colher na boca, segura a língua, vira o rosto de lado, passa sal ou vinagre, dá amoníaco para cheirar”. Qual é a conduta adequada para atender uma pessoa que está sofrendo um ataque epilético?
Li Li Min – Na realidade, muito pouco se pode fazer. Sobretudo se a crise é do tipo convulsivo, é preciso ter em mente que vai durar poucos segundos, embora a cena possa assustar quem está por perto.
Basicamente deve-se apoiar a cabeça para evitar um trauma porque a pessoa está se debatendo, virar seu rosto de lado para eliminar o acúmulo de saliva ou para impedir que ela se asfixie com o próprio vômito, e esperar que a crise passe.
A crença popular de que a língua enrola e pode ser engolida durante a crise não tem fundamento e é prejudicial. Há relatos de dentes arrancados durante a manobra de colocar uma colher na boca do paciente e, o pior, que dedos da pessoa que tentava segurar a língua foram decepados em virtude da contração dos músculos que ocorre nesses momentos.
É preciso ficar claro que é impossível engolir a língua, um músculo que também se contrai durante a crise por causa da contratura muscular generalizada característica da epilepsia. Pode parecer enroladinha, mas nunca será engolida. O máximo que pode acontecer é o paciente mordê-la e feri-la, mas ela cicatrizará sem problemas depois.
REAÇÃO PÓS-CRISE
Drauzio – Passada a crise, como reagem as pessoas?
Li Li Min – Passada a crise, as pessoas podem ficar meio confusas e sonolentas. Estão recobrando a consciência e não se deve restringir-lhes os movimentos. É mais ou menos como acordar de manhã, ver-se cercado por uma multidão e perceber que três ou quatro indivíduos tentam segurar a gente. A primeira reação é de defesa e isso pode gerar gestos agressivos, até violentos. Portanto, a recomendação é não tolher os movimentos do paciente, mas dizer-lhe que teve uma crise, perguntar-lhe como se sente e esperar um pouco para que possa retomar suas atividades.
Drauzio – A sonolência que se segue à crise epilética costuma durar quanto tempo?
Li Li Min – Não tem como determinar esse tempo, porque varia muito de pessoa para pessoa. Algumas ficam uma ou duas horas sonolentas; outras passam o dia inteiro assim. É muito comum acharem que o período de sonolência faz parte da crise epilética. Não faz. A crise dura poucos minutos e já passou quando o paciente se mostra sonolento e confuso mentalmente.
Drauzio – Se a crise não passar em poucos minutos o que se deve fazer?
Li Li Min – Se a crise durar mais de cinco minutos ou se forem crises recorrentes, uma atrás da outra, e a pessoa não recobrar a consciência, estamos diante de uma situação de emergência neurológica conhecida como estado de mal epilético e o paciente precisa ser encaminhado para um pronto-socorro para atendimento médico imediato.
Drauzio – Quando as crises são demoradas, especialmente quando duram mais de cinco minutos ou são sub-entrantes, uma crise atrás da outra, a pessoa deve ser levada para o pronto-socorro. Nessas circunstâncias, deve-se chamar o resgate ou uma ambulância ou ela pode ser transportada dentro de um automóvel de passeio? 
Li Li Min – É sempre preferível chamar o resgate, desde que o atendimento seja rápido. Um carro de passeio geralmente não oferece espaço necessário para transportar uma pessoa em crise, mas não representa o perigo de lesão raquimedular que correm pacientes politraumatizados. Não havendo outra opção, a pessoa deve ser levada no carro mesmo. O importante é identificar a situação como urgência que requer pronto atendimento.
TRATAMENTO
Drauzio – Um episódio único de crise epilética não caracteriza a epilepsia, mas feito o diagnóstico, como deve ser encaminhado o tratamento?
Li Li Min – Embora a crise única não caracterize a epilepsia, a pessoa deve procurar um médico para saber o que provocou esse episódio. O diagnóstico, porém, só pode ser feito a partir da segunda crise. Por quê? Porque a probabilidade de uma pessoa que teve uma crise única ter a segunda crise gira em torno de 30%. Se introduzirmos o tratamento nesses casos, estaremos tratando 70% das pessoas inutilmente.
Da segunda crise em diante, os números mudam muito, uma vez que 80%, 90% dos pacientes que tiveram a segunda crise podem ter a terceira ou a quarta.
Como deve ser feito o acompanhamento do paciente que tem mais de duas crises? Primeiro, vem o diagnóstico clínico. Pela descrição do paciente e do acompanhante, o médico é capaz de dizer se é epilepsia ou não. Como a epilepsia pode ter várias causas, exames complementares ajudam a investigá-las e a defini-las, pois um tumor, traumatismo craniano ou traço genético podem estar provocando as crises epiléticas.
Drauzio – Se o pai tem epilepsia, o filho terá também?
Li Li Min – Essa é uma pergunta muito frequente. A possibilidade de pai ou mãe com epilepsia terem um filho com o distúrbio é semelhante à da população em geral, ou seja, em torno de 2% ou 3%. Na imensa maioria das vezes, a criança nasce sem nenhum problema.
O defeito genético se manifesta em algumas síndromes bem definidas como a epilepsia mioclônica juvenil. Embora existam muitos estudos para determiná-lo, não se sabe ainda qual é.
Drauzio – Qual o objetivo do tratamento já que epilepsia não tem cura?
Li Li Min – O tratamento da epilepsia é feito essencialmente com medicação com o intuito de eliminar, de bloquear as crises. Com isso se espera que o paciente tenha qualidade de vida dentro da normalidade. Antigamente se acreditava que associando várias medicações pudéssemos alcançar melhores resultados, mas ficou provado que esse tipo de conduta não traz benefícios. Na realidade, traz mais malefícios, porque se somam os efeitos colaterais. Hoje, o tratamento é feito com um remédio só, mas existem alguns mandamentos que devem ser respeitados.
O paciente precisa entender a necessidade de fazer uso regular da medicação por um período, não necessariamente pela vida toda (outra ideia ultrapassada). Em alguns casos, a medicação pode ser retirada depois de dois anos de uso contínuo. Além disso, ele precisa ter consciência de que o sucesso do tratamento depende fundamentalmente dele mesmo. Por isso, deve estar ciente do problema, saber que medicação está usando e quais são seus efeitos colaterais.
Drauzio  Os pacientes aceitam bem a medicação? 
Li Li Min – É uma medicação só, de baixo custo ou fornecida pelo Ministério da Saúde ou pela Unidade Básica de Saúde. Enquanto toma a medicação, é importante que o paciente mantenha acompanhamento médico regular, principalmente para detectar possíveis efeitos colaterais que podem ser atribuídos erroneamente à epilepsia. Quando isso acontece, a dose é ajustada ou o medicamento trocado por outro.
É preciso insistir com os pacientes e familiares sobre a necessidade do uso contínuo e na dose adequada da medicação. Muitas vezes, porque estão sem crises, reduzem por conta própria as doses prescritas pelo médico. Se o vizinho toma um comprimido só por dia, porque ele precisa tomar três, é uma pergunta que se ouve com frequência. Precisa porque as doses devem ser individualizadas e existem diferenças entre classes de medicação e a dosagem necessária. Algumas pessoas precisam de doses maiores; outras, com doses baixas, conseguem controlar as crises, mas só o médico consegue ajustá-las convenientemente.
EPILEPSIA FORA DAS SOMBRAS
Drauzio – Você poderia explicar o que é o projeto Epilepsia Fora das Sombras?
Li Li Min – É um projeto internacional que tem a Organização Mundial de Saúde, a Liga Mundial dos Profissionais e a Associação Mundial dos Pacientes como patronos da campanha.
A epilepsia é um problema de saúde pública, com alta prevalência na população mundial. Em termos globais, de 1% a 2% da população constituída por portadores de epilepsia representam 60 milhões de pessoas. No Brasil, estimamos que três milhões tenham alguma forma de epilepsia.
A síndrome epilética não é um fenômeno recente. É tão antiga quanto a humanidade, mas ainda é vista como um mal demoníaco, espiritual. A carga de preconceito estigmatizante que acompanha as pessoas com epilepsia tem-se perpetuado através da história.
O objetivo da campanha Epilepsia Fora das Sombra é prover tratamento adequado para os pacientes, principalmente nos países em desenvolvimento como o Brasil, onde parcela significativa não está sendo tratada. Pesquisa recente realizada nas cidades de São Paulo, Campinas e São José do Rio Preto mostrou que o tratamento é inadequado em mais ou menos metade dos casos. Se ele fosse bem orientado, muitas pessoas estariam livres das crises e engajadas numa atividade social laboriosa, o que lhes permitiria gozar melhor qualidade de vida. A esses pacientes, porém, está reservada apenas a exclusão social.
No nosso país, a campanha visa à formulação de um modelo de atendimento integral aos pacientes com epilepsia, não só em termos de ajudar a elaborar uma política nacional de saúde, mas também para conscientizar que a epilepsia não é contagiosa, nem um problema espiritual e que as pessoas podem ficar livres das crises com medicação.
Sempre costumo perguntar o que vem à mente quando alguém pensa em epilepsia. Com certeza não é Alfred Nobel, Dostoievski, Machado de Assis, Júlio César, Flaubert, Alexandre, o Grande. Todas essas pessoas tiveram crises epiléticas. D. Pedro I, o imperador do Brasil, tinha epilepsia, mas a síndrome continua sendo vista como problema demoníaco de sanidade mental, apesar de as pessoas poderem levar vida normal desde que as crises sejam controladas.

FIQUE SABENDO - Obesidade infantil

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Obesidade infantil:
Ver os netos gordinhos era a alegria das avós do passado. Criança rechonchuda era sinônimo de criança saudável. De certa forma, havia lógica nesse conceito. Numa época em que não existiam antibióticos, crianças mais nutridas resistiam melhor aos processos infecciosos na infância.
Hoje, a obesidade infantil transformou-se num problema sério de saúde, numa epidemia que se alastra e já atinge parte expressiva da população nessa faixa de idade. As causas são muitas, mas pesam os hábitos alimentares baseados no fast food, salgadinhos e guloseimas e as horas passadas em frente da televisão ou jogando videogame.
A preocupação não é com a estética. Muitas crianças com excesso de peso apresentam alterações nos níveis de colesterol, são descriminadas pelos companheiros e alvo de brincadeiras de mau gosto.
O controle da obesidade infantil começa em casa, com refeições balanceadas, estímulo à atividade física e mudança dos hábitos alimentares de toda a família.
IMC INFANTIL
Drauzio – O que diferencia a criança gordinha da criança obesa?
Sandra Villares – Em geral, a mãe tem sensibilidade para notar que a criança está um pouco mais forte do que os coleguinhas de mesma idade. A mãe ou os familiares perceberem esse fato é o primeiro passo para estabelecer a distinção. Os médicos fazem cálculos um pouco mais complicados. Dividem o peso pela altura ao quadrado, obtêm o índice de massa corpórea (IMC) e utilizam gráficos que podem ser encontrados no site www.abeso.org.br. Resultado acima de 85 percentil caracteriza sobrepeso; acima de 95, obesidade. Abaixo de 85 percentil, indica que a criança não tem sobrepeso.
Essa curva não é igual a dos adultos porque as crianças crescem e os números variam conforme a idade.
CAUSAS DA OBESIDADE
Drauzio  Por que alguns bebês que mamam no peito da mãe são gordinhos e outros são magrinhos? Existe tendência à obesidade que se manifesta desde o nascimento? 
Sandra Villares – Existem muitas causas para a obesidade infantil, mas não podemos deixar de mencionar as características genéticas. Milhões e milhões de anos atrás, sobreviveram nossos ancestrais que tinham genes capazes de estocar calorias e transformá-las em energia. Os que não tinham, morreram cedo e provavelmente não deixaram descendentes.
Isso quer dizer que a grande maioria dos sobreviventes tem genes que favorecem o aparecimento da obesidade. Se o ambiente for favorável, ela irá manifestar-se.
Qual é o ambiente saudável para o bebê? É a mãe. Engordar muito durante a gestação, favorece o desenvolvimento de tecido adiposo, de gordura, no primeiro ano de vida da criança.
Drauzio – Esse é um dado importante, porque muitas mulheres engordam demais durante a gravidez.
Sandra Villares – Na literatura, há trabalhos mostrando que para o desenvolvimento do tecido adiposo no primeiro ano de vida é importante não só o peso com que a mãe inicia a gravidez, mas o peso que ganha durante a gestação.
Drauzio – Que curioso é esse mecanismo. A mãe acumula gordura no próprio corpo e passa para a criança a tendência a juntar tecido adiposo.
Sandra Villares – A mãe deve passar algum neuro-hormônio, que não sabemos qual é, mas que faz com que o hipotálamo mande uma mensagem para a criança armazenar mais energia e ela estoca gordura.
Drauzio  Então além das características genéticas, de alguma forma, a obesidade materna durante a gestação influencia a obesidade infantil.
Sandra Villares – O contrário também é verdadeiro. A falta de alimentação adequada durante a gestação para um bebê intraútero é fator para a obesidade no adulto. Prova disso são os indivíduos atualmente obesos que nasceram na Holanda, no período de falta de alimentação que marcou o pós Segunda Guerra Mundial.
Drauzio – É fácil de entender que a criança nasça subnutrida, porque não consegue os nutrientes necessários, quando a mãe passa fome durante a gravidez. Mas fica mais difícil de entender por que desenvolve obesidade depois como mecanismo compensatório.
Sandra Villares – Esse é um dado epidemiológico para o qual não se encontra explicação na literatura. Acredita-se que algum fator intraútero, ainda não determinado, estimule alimentação mais farta durante a vida e aumente a facilidade de estocar energia.
Drauzio – Resumindo: são fatores para a tendência à obesidade infantil a genética, o excesso de peso que a mãe ganhou durante a gestação e a desnutrição materna durante a gravidez. Há outro?
Sandra Villares – Mãe diabética é também é fator de risco para a obesidade infantil e para o desenvolvimento de diabetes na fase adulta. A hipoglicemia da mãe estimula o pâncreas da criança a liberar mais insulina e a tornar-se mais sujeita a desenvolver diabetes.
Drauzio – Filhos de mães diabéticas, geralmente, nascem com peso exagerado? 
Sandra Villares – Nascem. O aumento da circulação de insulina na criança provoca aumento da adipogênese, ou seja, maior formação de células adiposas.
Drauzio – Acima de que peso nasce a criança que faz suspeitar ser a mãe diabética?
Sandra Villares – Acima de quatro quilos. Sempre que levanta o histórico de uma criança obesa, o médico deve perguntar como foi a gestação da mãe e com quantos quilos e centímetros o bebê nasceu.
A criança nasce com mais ou menos 17% de gordura no corpo. No final do primeiro ano de vida, esse índice sobe para 35% e o peso da criança triplica. A gordura que estocou nesse período vai ajudá-la a viver no ano seguinte, quando começa a andar e a brincar e garante a energia necessária para os anos subsequentes.
Drauzio – E elas precisam de muita energia…
Sandra Villares – As crianças não param quietas e consomem muita energia, mas por volta dos sete anos começam a fazer novamente tecido adiposo. Esse é um fato muito importante e a mãe precisa ficar atenta ao peso da criança nessa idade. Se o peso for normal, uma em dez crianças corre o risco de ficar obesa na fase adulta. Se for gordinha, esse risco sobe para quatro em cada dez crianças.
Drauzio – Bebês gordinhos também correm mais esse risco?
Sandra Villares – A princípio, não, mas depende muito do tipo físico dos pais. Se os pais forem magros, criança fortinha, porém não muito obesa nos três primeiros anos de vida, não corre risco maior de obesidade na fase adulta. Ao contrário, se os pais forem obesos, o risco aumenta. No entanto, com o passar dos anos, essa relação vai perdendo força e desaparece na adolescência, quando tem importância o excesso de peso do próprio adolescente como determinante da obesidade na fase adulta.
EPIDEMIA DA OBESIDADE
Drauzio  Estamos vivendo uma verdadeira epidemia da obesidade. Na população brasileira, 40% dos adultos estão com excesso de peso, o que significa 50 milhões de pessoas aproximadamente.
Sandra Villares – E as crianças estão indo pelo mesmo caminho. Dados revelam que 17% dos adolescentes estão com sobrepeso atualmente. Já nos referimos às razões genéticas para o armazenamento de gordura. No entanto, a diminuição da atividade física e o aumento de ingestão de comida e de alimentos não saudáveis têm contribuído muito para a instalação do quadro de obesidade.
SENSAÇÃO DE FOME E SACIEDADE
Drauzio – Deixando de lado as alterações que levam ao aumento de peso e que não dependem da criança – a mãe engordou muito ou não se alimentou adequadamente durante a gestação, ou era diabética – no mundo moderno, o que leva as crianças a ganharem peso excessivamente?
Sandra Villares – Os motivos são muitos. Vou citar alguns dados que acho interessantes.
A criança tem a sensação de fome e saciedade. Ela sabe quando deve começar a comer, porque está com fome, e quando parar, porque está saciada. Entretanto, por excesso de amor, por achar que dando comida está dando carinho, a mãe resolve que a criança não pode deixar nada no prato. Ela não entende que, às vezes, a pequena quantidade que o filho comeu é suficiente para saciá-lo.
O que queremos dizer com saciedade? Quando o indivíduo começa a alimentar-se, sente extremo prazer no sabor da comida, mas esse prazer vai diminuindo à medida que se sente satisfeito. Às vezes, isso acontece com quatro colheres de arroz; às vezes, com duas. Varia tanto no adulto quanto na criança, mas a mãe quer que coma as quatro colheres, não a deixa sair da mesa enquanto não limpar o prato e não registra sua indicação de que está satisfeita. Duas horas mais tarde, aparece com um copo de leite ou alguma coisa para comer mesmo que a criança não esteja com fome.
Isso está errado. A criança deve comer quando está com vontade. Não é necessário impor horários rígidos. Ela possui o relógio biológico da fome e da saciedade que acaba se perdendo, porque não é levado em consideração, e a criança não sabe mais quando começar a comer nem quando suspender a refeição. Aí, a televisão mostra comidas maravilhosas, cheias de gordura e de açúcar, substâncias que aumentam muito o sabor dos alimentos, e a criança passa as tardes mastigando bolachinhas, biscoitinhos, hambúrgueres, balas e chocolates.
Há ainda fatores emocionais que não podem ser desprezados. Nasce um bebê na família; a criança, que ficava com a avó, vai para a escola ou muda de colégio. Ansiosa, começa a alimentar-se mais porque, como os adultos, não distingue fome de ansiedade. Essa modificação dos hábitos alimentares faz com que o tecido adiposo, que deveria ser formado por volta dos sete anos, se desenvolva mais cedo. Isso se chama de rebound precoce da adiposidade.
Drauzio Poderíamos dizer que é um rebote da adiposidade?
Sandra Villares – Com quatro ou cinco anos, a criança começa a criar tecido adiposo precocemente. Portanto, quando chegar aos sete, já estará mais gordinha.
A adolescência é outra fase perigosa que requer atenção. Quando o corpo da menina vai se modificando e as mamas começam a crescer, ela pode produzir mais tecido adiposo. Já o rapaz faz mais massa magra. É um fenômeno biológico: as mocinhas fazem mais gordura, que as deixa com o corpo mais arrendondado, mais bonito, e os garotos fazem mais músculos.
VIDA SEDENTÁRIA
Drauzio – Você falou da dieta e da vida sedentária que muitas crianças levam hoje. Como essas coisas influenciam a obesidade infantil?
Sandra Villares – Trabalhos que constam da literatura e uma avaliação feita no Hospital das Clínicas mostram que mais de quatro horas de TV por dia estão associadas à obesidade das crianças. Chegamos a esse dado no ambulatório do HC, avaliando 240 crianças por seis meses, mensalmente, e depois a cada seis meses ou com frequência maior conforme a necessidade.
Nesse programa de acompanhamento, verificamos que certas crianças passam dez horas por dia assistindo à televisão, mais algumas horas dormindo e outras sentadas na escola. Isso nos permite concluir que o aumento da obesidade nos dias atuais não se deve aos genes, pois não houve tempo para eles se modificarem nos últimos quarenta anos. Na verdade, nossa propensão genética para a obesidade encontrou ambiente favorável nos erros alimentares associados ao sedentarismo da vida moderna.
Drauzio – Hoje está claro quais são os alimentos que fazem ganhar peso e quais são os menos calóricos. As crianças têm preferência pelos sabores mais básicos conferidos pelo açúcar e pela gordura. O ideal seria que comessem saladas e outros vegetais, mas não é fácil convencê-las. Como fazer para incluir esses alimentos que detestam na sua dieta?
Sandra Villares – É muito difícil. Eu particularmente não gosto do termo dieta, porque introduzir a restrição alimentar é dar o primeiro passo para a obesidade. A criança, o jovem e também o adulto devem fazer refeições saudáveis, balanceadas e comer quando têm fome. O primordial é orientar a criança, obesa ou não, a respeito do que é uma boa refeição. Na nossa terra, é arroz, feijão, bife, saladinha de alface e de tomate.
Raríssimas crianças com três ou quatro anos comem verdura, mesmo que os pais o façam com regularidade. Como já foi dito, a palatabilidade dos alimentos é dada essencialmente pelo açúcar e pela gordura. As papilas gustativas distribuídas na nossa língua e em todo o trato digestivo (temos papilas gustativas até nos intestinos) não são muito exacerbadas pela verdura, mas a mãe deve insistir, sem forçar, que a criança pelo menos experimente um pouquinho todos os dias. É um longo aprendizado. Nós aprendemos a gostar de doce, quando colocaram açúcar em nossa mamadeira.
TRATAMENTO
Drauzio – Em que consiste o tratamento para a obesidade infantil?
Sandra Villares – É preciso pensar antes nas comorbidades, ou seja, nas complicações que a obesidade traz. Portanto, o médico deve verificar quanto o excesso de peso está atrapalhando a saúde da criança. No programa que desenvolvemos no HC, 40% das crianças obesas têm hipercolesterolemia, isto é, níveis de colesterol elevados, e 30% têm HDL baixo (o bom colesterol que protege o coração) e triglicérides alto. É preciso pensar que, quando se fala em 40%, estamos nos referindo a praticamente metade das crianças obesas com problemas de saúde associados à obesidade.
Estudo realizado com crianças americanas obesas que faleceram de morte acidental demonstrou que, feita a autópsia, foram encontradas placas, ou seja, depósitos de gordura na aorta e nas coronárias. Esse é um dado alarmante, porque sugere que crianças com hipercolesterolemia poderão não chegar aos quarenta ou cinquenta anos sem problemas cardiovasculares. Provavelmente, sofrerão infartos bem mais jovens.
Outro achado importante ocorreu tanto nos Estados Unidos como no Brasil. No passado, a maior parte das crianças desenvolvia diabetes do tipo I e só 3%, diabetes do tipo II. Hoje, 50% desenvolvem a doença imunológica por falta de insulina (o tipo I) e 50%, diabetes tipo II ligado à resistência à insulina (o tipo mais encontrado nos adultos).
Drauzio – Não faz muito tempo que se descobriu que o tecido gorduroso é uma glândula ativa e não um tecido inerte.
Sandra Villares - O tecido adiposo produz muitos hormônios. Antigamente se achava que a gordura era órgão de estoque e não servia para mais nada. Hoje se sabe que é a maior glândula que temos. Produz o TNF (Fator de Necrose Tumoral), a leptina, as interleucinas, peptídeos que vão contra a ação da insulina. Quando o indivíduo começa a engordar, a produção de insulina aumenta para controlar níveis mais elevados de açúcar. Insulina alta acarreta efeitos deletérios, como a vasoconstrição e a hipertensão. Todos esses distúrbios acometem as crianças obesas e precisam ser controlados.
MUDANÇA DE HÁBITOS
Drauzio – Quais são os resultados do tratamento para crianças obesas?
Sandra Villares – Os resultados são interessantes. O tratamento da criança obesa começa pela modificação dos hábitos alimentares da família. Ninguém faz regime sozinho numa casa, muito menos uma criança. Não adianta a mãe dizer que bolacha recheada que está no armário é para o irmão, que é muito magrinho. O tratamento inclui a família inteira. É pai, mãe, irmãos, todos comendo o mesmo tipo de alimentação saudável.
Segundo ponto: o tratamento baseia-se num conceito de boa alimentação. Não se fazem restrições alimentares e a criança nunca deve comer menos de 1800 calorias diárias, embora esteja demonstrado que muitas comem por dia 60% a mais do que necessitam. Do cardápio do almoço e do jantar, devem constar um pouco de arroz e de feijão, um bom bife e salada. No meio da tarde, café com leite desnatado.
Terceiro ponto: é importante incentivar ao máximo a prática de atividade física aeróbica – nadar, correr, andar de bicicleta, andar – pelo menos três vezes por semana, no mínimo por uma hora. De preferência, a criança obesa não deve participar de atividades esportivas em grupo. Num jogo de futebol, como não consegue correr com a ligeireza do magrinho, vai ser colocada no gol onde se mexerá pouco.
É obvio que sem a dieta, o exercício físico não ajuda a emagrecer, mas a atividade física aeróbica, frequente e feita com regularidade, é muito importante nos casos de obesidade.
Drauzio – Nas famílias, quais são os erros alimentares que conduzem as crianças ao excesso de peso?
Sandra Villares – Os parâmetros mais frequentes que se observam no Hospital das Clínicas e que levam as crianças a perderam a sensação de saciedade são dois.
Primeiro: a criança faz uma refeição por dia, isto é, come o dia inteiro. Em geral, as mães trabalham fora, a criança chega da escola, senta em frente da televisão e come por comer, sem fome. Não existem refeições organizadas em períodos estabelecidos. O outro é a hiperfagia, ou seja, a criança ingere quantidades enormes de alimentos em cada refeição.
Drauzio – Que alimentos a mãe deve esquecer que existem quando faz as compras no supermercado porque só engordam? E quais deve comprar?
Sandra Villares – Uma família de quatro pessoas deve utilizar uma lata, uma lata e meia de óleo por mês. Isso significa restrição de frituras. Já gastou uma lata e meia, não pode fritar mais nada naquele mês.
A refeição das crianças deve conter carboidratos (arroz e feijão), proteínas (carne, frango ou peixe de preferência assados ou cozidos para evitar o uso de óleo), verduras (tomate, alface, pepino), frutas.
Outro alimento imprescindível é o leite. Muitas crianças, porém, trocam o leite por refrigerantes e sucos e não tomam sequer um copo por dia. Criança pequena tem que ingerir por volta de um grama, 1,2 grama de cálcio diárias, o que corresponde a quatro porções de leite ou derivados (queijo, iogurtes).
Não há necessidade de ser leite integral. Para desengordurar o leite, basta batê-lo no liquidificador e tirar a espuma ou fervê-lo e tirar a nata que se formou. Há estudos que mostram a associação de maior ingestão de leite e menor peso em certas populações.

Drauzio  Muitas refeições das crianças são ricas em gordura saturada. Você poderia explicar que tipo de gordura é esse?
Sandra Villares - São as gorduras derivadas de animais, contidas na carne, linguiça, salsicha, por exemplo. As salsichas, que as crianças amam, especialmente as vendidas na porta das escolas com batatinha frita, purê, maionese, etc., podem ser gostosas, mas não têm grande valor nutritivo.
Drauzio – Como evitar que as crianças prefiram essas comidas “junkie”, como as batatinhas, bolachas recheadas e salgadinhos?
Sandra Villares – Essas comidas fazem parte da nossa civilização. Não adianta proibir. A criança pode comer, mas de vez em quando. É impossível alguém falar que nunca mais na vida vai comer batata frita. O problema é comer todos os dias. O hot dog ou o hambúrguer comido no dogueiro da porta da escola ou na lanchonete da esquina são ricos em valor calórico e, às vezes, pobres em valor nutritivo.

Vitamina C pode ajudar a prevenir osteoporose...

 http://ligadasaude.blogspot.com/
Vitamina C pode ajudar a prevenir osteoporose...:

Pela primeira vez, um estudo mostrou que a vitamina C pode proteger uma pessoa contra a osteoporose, uma doença progressiva que diminui a densidade dos ossos e aumenta o risco de fraturas. Até agora, somente o consumo de cálcio e vitamina D são recomendados para a prevenção do problema. A pesquisa, feita com camundongos, foi publicada nesta semana no periódico PLoS One.

De acordo com Mone Zaidi, diretor do Programa para os Ossos da Faculdade de Medicina Monte Sinai, nos Estados Unidos, e coordenador do estudo, os especialistas já sabiam que baixos níveis de vitamina C estão associados, entre outros problemas de saúde, à fragilidade dos ossos. "O que essa pesquisa mostrou de novo é que a vitamina C, quando ingerida em grandes quantidades por camundongos, estimula o aumento da densidade óssea nos animais e protege o esqueleto", diz o pesquisador. Ele explica que isso ocorre pois o nutriente induz os osteoblastos, células que estimulam a formação óssea, a amadurecerem.
Comparação — Na pesquisa, os camundongos tiveram seus ovários retirados — procedimento conhecido por provocar a redução da densidade óssea. Parte dos animais recebeu doses altas da vitamina C via oral e o restante não ingeriu o nutriente. Após oito semanas, a equipe observou que os camundongos sem ovários que não receberam a vitamina apresentaram uma densidade óssea "muito baixa" em comparação com os animais sem ovários que ingeriram o nutriente. Por outro lado, os camundongos que receberam vitamina C apresentaram a mesma densidade óssea do que animais que não haviam passado pela cirurgia.
De acordo com os autores, esses resultados sugerem que a vitamina C foi a responsável por impedir a perda de densidade dos ossos em animais propensos a apresentar o problema. "Mais pesquisas são necessárias para determinar se esses suplementos alimentares são capazes de prevenir a osteoporose em humanos. Se os estudos futuros confirmarem os nossos achados, a descoberta poderá ser útil em países em desenvolvimento onde a doença é prevalente e os tratamentos são, muitas vezes, caros", afirma Zaidi.
Fonte: Revista Veja

I CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIAS DE SAÚDE MENTAL

http://saudementalrj.blogspot.com/I CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TECNOLOGIAS DE SAÚDE MENTAL:

I CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM
TECNOLOGIAS DE SAÚDE MENTAL
O I curso de especialização em Tecnologias de Saúde Mental será desenvolvido no período de fevereiro de 2013 a setembro de 2014. A carga horária total do curso será de 423 horas, distribuídas em 08 disciplinas, sendo 363 horas de atividades teórico e teórico-práticas, 60 horas para elaboração de monografia. O período de inscrição constará de 15 de novembro a 19 de dezembro de 2012, com previsão para 35 vagas em cada turma, uma na sede e outra fora da sede, totalizando 70 alunos.
                        As atividades teóricas e teórico-práticas acontecerão no Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ (Turma A) e as atividades fora da sede no Auditório da Secretaria de Saúde de Vassouras (Turma B), em dias de sábados alternadamente. As aulas da turma A acontecerão nos 1 e 3 sábados das 08 as 18 e as aulas da turma B acontecerão nos 2 e 4 sábados das 08 as 18.

Categoria do Curso: Especialização
Denominação do curso: Curso de Especialização em Tecnologias de Saúde Mental
Área de conhecimento: Saúde mental
Unidade/Instituição: Escola de Enfermagem Anna Nery / Parceria Secretaria de Saude de Vassouras
modalidades de oferta: Presencial
Público-alvo: Profissionais de nível superior: enfermeiros, médicos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e outros afins do campo da saúde mental, passíveis de compor equipe multiprofissional e exercer atividades assistenciais na rede de atenção à saúde mental
Critérios de seleção do corpo discente e pré-requisitos para a candidatura:
1.    Apresentação de todo os documentos requeridos no ato de inscrição;
2.    Apresentar diploma e/ou declaração de conclusão de curso de nível superior;
3.    Assinar termo de compromisso de apresentar cópia do diploma até 01/07/2014;
4.    Estar inserido em algum dispositivo de cuidado em saúde mental
5.    Inscrição para seleção: 15/11/2012 a 19/12/2012
6.    O deferimento da inscrição será enviado para o e-mail fornecido pelo aluno


XIII - procedimentos para a seleção de alunos e número de vagas da turma;
1.    Através de entrevista aberta e dirigida
2.    Análise do curriculum vitae
3.    A seleção da Turma A ocorrerá no período de 7 a 11 de janeiro de 2013, no horário de 09 as 12:00 e de 13:00 as 16:00 no Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da EEAN;
4.    A seleção da Turma B ocorrerá no período de 14 a 17 de janeiro de 2013, no horário de 09 as 12:00 e 14 às 17:00 na Sala do Pro-Saúde – Secretaria de Saúde de Vassouras;
5.    A turma A será oferecido 35 vagas;
6.    A turma B será oferecido 35 vagas;
7.    O resultado da seleção será divulgado no site da EEAN no dia 23 de janeiro de 2013 e também será enviado ao e-mail do candidato;
8.    As inscrições da Turma A serão efetuadas nos dias 25, 26 e 28 de janeiro  no Departamento de Enfermagem Médico-cirúrgica da EEAN de 09 as 12 e de 13:00 as 16:00;
9.    As inscrições da Turma B serão efetuadas nos dias 29, 30 e 31 de janeiro no horário de 09 as 12:00 e 14 às 17:00 na Sala do Pro-Saúde – Secretaria de Saúde de Vassouras.

Contatos: coordenação
rosane.mara@terra.com.br