quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

CUIDADO - Refrigerantes açucarados

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Obesidade é a maior das ameaças à saúde do século 21. O processo inflamatório crônico, os hormônios e os mediadores químicos produzidos e liberados pelo tecido adiposo acumulado em excesso, aumentam o risco de doenças cardiovasculares, metabólicas, pulmonares e de diversos tipos de câncer.
No Brasil, metade da população adulta está acima da faixa de peso saudável. Nos Estados Unidos, esse número ultrapassa 70%: cerca de 30% estão com excesso de peso, 30% são obesos e 10% sofrem de obesidade grave.
A continuarmos no mesmo ritmo, é provável que nos próximos dez ou vinte anos estejamos na situação deles.
A característica mais assustadora dessa epidemia é o número crescente de crianças e adolescentes obesos, consequência do acesso ilimitado a alimentos de alta densidade energética e da vida em frente da TV e dos computadores.
O impacto dessa nova realidade será tão abrangente, que a próxima geração provavelmente terá vida mais curta do que a atual, previsão demográfica que os avanços da medicina não conseguirão reverter. Os custos da assistência médica aos portadores das doenças crônicas associadas à obesidade arruinarão as finanças dos sistemas de saúde de países como o nosso.
O consumo de refrigerantes e sucos açucarados é uma das maiores fontes de calorias ingeridas por crianças e adolescentes. Um levantamento mostrou que os adolescentes americanos consomem em média 357 calorias diárias, dessa fonte. É possível que os nossos não fiquem para trás.
Se para cada nove mil calorias ingeridas em excesso o corpo acumula um quilo de gordura, um exagero de apenas 357 calorias por dia significa um quilo a mais por mês ou 12 kg a cada ano que passa.
Ao contrário dos carboidratos complexos contidos nos alimentos ricos em fibras, como as frutas e as verduras, as bebidas açucaradas são pobres em nutrientes, não induzem saciedade e estão ligadas a maus hábitos alimentares, como o consumo de fast food, doces, biscoitos e salgadinhos empacotados.
Acabam de ser publicados três estudos sobre a relação entre refrigerantes e obesidade em crianças e adultos.
No primeiro, um grupo de Harvard acompanhou cerca de 33 mil mulheres e homens, que tiveram a predisposição genética avaliada por meio da detecção laboratorial de 32 genes ligados à obesidade.
Os resultados mostraram que quanto maior o número desses genes e maior o consumo de refrigerantes com açúcar, maior o risco de ganhar peso. Por exemplo, entre os portadores de 30 genes, o número de obesos foi cinco vezes mais alto do que naqueles sem nenhum dos 32 genes, mas que consumiam o mesmo volume de refrigerantes.
Essa é uma demonstração inequívoca da interação existente entre o patrimônio genético e os fatores ambientais: pessoas predispostas geneticamente são mais suscetíveis aos efeitos adversos das bebidas açucaradas. As intervenções destinadas a reduzir o consumo delas devem ser dirigidas principalmente para essa subpopulação.
No segundo estudo, um grupo da Universidade de Amsterdam distribuiu refrigerantes com e sem açúcar para 641 crianças de cinco a doze anos. As bebidas vinham sem nenhuma indicação no rótulo que permitisse à criança identificar se continham açúcar ou adoçante artificial.
Depois de 18 meses, os que recebiam os refrigerantes com açúcar pesavam em média 1,020 kg a mais, apresentavam maior relação cintura/altura e maior quantidade de gordura no corpo.
No terceiro, também conduzido em Harvard, 224 adolescentes obesos ou com excesso de peso foram divididos em dois grupos. No grupo-controle os participantes continuaram a tomar a mesma quantidade de refrigerantes que estavam habituados a consumir todos os dias, enquanto os demais praticamente pararam de tomá-los.
Depois de um ano, os adolescentes do grupo-controle pesavam em média 1,9 kg mais. Dois anos mais tarde, essa diferença havia desaparecido.
Tomados em conjunto, esses três estudos sugerem que as calorias dos refrigerantes não são a única causa, mas contribuem para a disseminação da epidemia de obesidade.
As recomendações do Ministério da Saúde para que crianças e adultos evitem refrigerantes e sucos açucarados e, principalmente, aumentem os níveis de atividade física, devem ser levadas a sério.

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